terça-feira, 30 de junho de 2009
CAPÍTULO 2 - CHEGADA À SANTO CRISTO
A cabeça de Cris estava a mil.
Para onde ele iria?
O que faria agora?
Finalmente conseguiu se acalmar um pouco.A primeira coisa a fazer era sair logo da estrada,talvez encontrar um motel barato e passar a noite no seu banheiro imundo,amanhã ele pensaria melhor no que fazer.
Rodou por mais alguns quilômetros e finalmente viu um motel a esquerda,virou o carro naquela direção,mas de repente deu uma guinada com o carro de volta pra pista.
Não - pensou - não vou ficar nem mais um segundo aqui,vou para o mais longe que eu puder dessa maldita cidade e dessa maldita Corte.
E dirigiu apenas,sem prestar atenção ao caminho,só querendo chegar o mais distante possível dos seus pesadelos.
Quando deu por si,faltava cerca de uma hora e meia para o amanhecer,e ele não fazia idéia de onde estava.Todo o desespero de algumas horas atrás retornou.
E agora?
Acelerou o carro,estava há uns 140 por hora,torcendo pra não ter o azar supremo de esbarrar com alguma patrulha,o que seria fichinha depois de toda a merda daquela noite.
Uns 20 minutos depois passou por uma placa que dizia que ele estava entrando no município de Santo Cristo,Minas Gerais.
Depois de dirigir centenas de quilômetros e a uma hora do pôr-do-sol,aquilo poderia ser o paraíso.
Era uma típica cidade do interior,as ruas estavam vazias àquela hora,e Cris rodou desesperadamente pela cidade em busca de um hotel,ou qualquer lugar em que pudesse passar a noite.
Parecia que a sorte voltava a lhe sorrir,porque em 15 minutos conseguiu achar um hotelzinho no andar superior de uma sapataria,parou o carro no meio fio,contou até 10 para se acalmar,e subiu depressa os 12 degraus até a pequena recepção.
A escada terminava numa saleta relativamente limpa e arrumada,o chão coberto com um carpete de um verde muito esquisito,as paredes pintadas de um marrom claro uniforme com uma quadro de paisagem rural em cada um dos lados. Ao fundo um corredor onde se viam pelo menos 3 portas de cada lado,e à direita do corredor,um balcão de madeira envernizada com um senhor de uns 50 anos cochilando apoiado nele.
Cris deu um tapa na madeira e o senhor acordou sobressaltado,deu uma olhada no relógio do pulso - quase 6 da manhã - de onde diabos aquele rapaz estava vindo?
-São 60 reais a diária.Quarto de solteiro,almoço e jantar incluídos.
Cris tira um cartão de crédito da carteira.
-Tira três diárias.
-Claro,e preciso da sua identidade pra registro.
Tirou o documento da carteira,deu ao homem e encostou-se no balcão.
-Tudo certo,é só assinar aqui.
-Pronto,qual é o meu quarto?
-O número 2,primeira porta à esquerda.
-Obrigado.
Cris abriu a porta e olhou em volta,o quarto era pequeno,4x5 metros no máximo,tinha uma cama encostada na parede ao lado da porta,uma janela logo a frente,e uma porta na parede á direita,que Cris deduziu ser o banheiro.Seria precisamente no banheiro que ele passaria sua primeira noite fora de casa.Ou pensando bem,seria sua primeira noite na sua nova casa.
_____
Assim que Cris entrou no quarto,o senhor,Antônio Batista Pereira,Caçador aposentado,ficou branco como cera e seu cérebro funcionava em ritmo frenético.
Ele é um deles - pensou - um dos malditos sanguessugas.
Retirou seu velho crucifixo,abençoado pelo próprio João Paulo II,pegou um isqueiro,uma lata de spray de laquê,a chave sobressalente do quarto numero 2, e preparou-se para livrar o mundo de mais uma das crias de Satanás.
Abriu a porta bem devagar,provavelmente o sanguessuga estaria dormindo no banheiro sem janelas,onde estaria bem abrigado do sol.
Quando abriu a porta e entrou,tomou um dos maiores sustos de sua vida.
Cris jazia deitado na cama,respirando profundamente,roncando até,só de cuecas.Um leve toque em seu braço,e seu Antônio pode sentir o calor da pele e a respiração pesada,indicando que o rapaz devia estar mesmo muito cansado.
-O que o cansaço e as vistas cansadas não fazem com a gente hein? - murmurou para si mesmo enquanto saía do quarto.
-Quase que torro um rapaz inocente!
E voltou a cochilar no balcão.
_____
Assim que ouviu o barulho da porta se fechando,Cris abriu os olhos.
-Que droga! - pensou- Um caçador aposentado logo no único lugar que achei pra dormir!
Ainda bem que tivera a iniciativa de dar uma sondada na cabeça do cara enquanto ele lhe registrava,e percebera as intenções do sujeito.Pelo menos por essa noite estaria seguro.
Pegou o travesseiro,o lençol e foi para o banheiro.
Era só a sua primeira noite na pequena Santo Cristo.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário